SONETO DA DESPEDIDA

À D. Paulina, 92

Quando tu partiste, misturada às flores, foi tão silente,

Que os sinos do céu não gemeram, como esperado

Soluçaram baixinho sem poder ser escutados

Porque a dor desta morte lhes era por demais, pungente

No teu rosto, lívido, amarelado, à imagem dos camafeus

As mãos juntas, os contornos, a ossatura delicada

Nos teus olhos fechados, o luto de uma vela apagada

No teu semblante calmo, o ósculo do último adeus

Tua vida era a aurora onde raiavam nossos sonhos

Perdoa-nos, as lágrimas, o fel, o nosso olhar tristonho

Depois do relâmpago, caiu sobre nós um céu sem luz

O fortuito, o caos e as trevas que findaram vossa estrada

Deixa-nos este vazio sem remédio, esta prece amargurada

Que rogamos se traduza num afago para ti do mestre Jesus!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 27/11/2011
Reeditado em 19/02/2024
Código do texto: T3359286
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