SONETO DA DESPEDIDA
À D. Paulina, 92
Quando tu partiste, misturada às flores, foi tão silente,
Que os sinos do céu não gemeram, como esperado
Soluçaram baixinho sem poder ser escutados
Porque a dor desta morte lhes era por demais, pungente
No teu rosto, lívido, amarelado, à imagem dos camafeus
As mãos juntas, os contornos, a ossatura delicada
Nos teus olhos fechados, o luto de uma vela apagada
No teu semblante calmo, o ósculo do último adeus
Tua vida era a aurora onde raiavam nossos sonhos
Perdoa-nos, as lágrimas, o fel, o nosso olhar tristonho
Depois do relâmpago, caiu sobre nós um céu sem luz
O fortuito, o caos e as trevas que findaram vossa estrada
Deixa-nos este vazio sem remédio, esta prece amargurada
Que rogamos se traduza num afago para ti do mestre Jesus!