Adição Humana
Sim, Carlos, de tudo fica um pouco
mas é tão pouco, mas tão pouco
que no final são átomos de mim mesmo
corpúsculos quase que imateriais
e ninguém se interessa o suficiente
para colocar-me debaixo de microscópios
Quem dera eu tivesse o teu otimismo
nem que ficasse um pouco, muito pouco
é que outro dia procurei a felicidade: só um pouco
e meus semelhantes todos me chamavam de louco!
Ô Ricardo! Não agite o seu ser pessimista
pouco ainda é mais que nada meu amigo
mesmo que esse pouco seja quase imaginário
quase se faz pão com um pouco de trigo!
Entre o sinal negativo de Ricardo
e a cruz laica e positiva de Carlos
fico no estanque humano do numero zero
*resposta poética ao “Nada fica de Nada” de Ricardo Reis e “Resíduo” de Carlos Drummond de Andrade