Ritona "a Solteirona" (à Tia Rita)
Formosa desde menina
Boca suja irreverente
Meio tipo ave rapina
Alegrava toda a gente.
Prendada e bem jeitosa
Independente demais
No palavrão e na prosa
Ritona era bem sagaz.
Filha de família honrada
Brincalhona e bem austera
Na aula da tabuada
Da palmatória era a fera.
Coitados dos pretendentes
Da donzela linda flor
Temiam perder os dentes
Se lhe falassem de amor.
Ninguém tirava farinha
Com a Ritona risonha
Defendia-se sozinha
Desarrumava na manha.
Foram tantos casamentos
Que a Ritona enjeitou
Mais viveu grandes momentos
E para a História entrou.
Conheço essa solteirona
Hoje já com seus oitenta
Com alma de meninona
Seu sorriso nos alimenta.
Quando está deprimida
A cidade perde a cor
Ritona tão destemida
Falta-lhe agora vigor.
Tia Rita és nossa Musa
Amamos os seus trejeitos
Casta donzela confusa
Tenho orgulho dos teus feitos.
Goretti Albuquerque.