NAS CURVAS DO VENTO

Agora, os meus passos são lentos,
A tranqüilidade das manhãs,
Refletem nas minhas cãs,
Foram nas curvas do vento,
Os arroubos da mocidade,
Aquela intensa vontade,
De mudar os rumos das coisas,
De transformar os vieses,
Agora, a sabedoria repousa,
No meu corpo cansado,
Percebo; não passo de um vaso quebrado,
No canto de qualquer jardim,
Importa a flor que às vezes,
Deus faz nascer em mim,
Agora sinto o aroma silvestre,
Me deixo envolver pelo mestre,
Parece até que estamos mais chegados,
Reconheço Senhor, estiveste,
Comigo o tempo inteiro,
Eu é que me fiz caminheiro,
De tortuosos descaminhos,
E após tantos tropeços,
Reencontrei o endereço,
Me encontrei na tua doce canção,
Agora, não importo com a solidão,
Com os limites que os anos me causaram,
Suporto a ausência dos que partiram,
Levados pela vida ou pela morte,
Tenho alguém que não me deixa sozinho,
Que olha para o meu coração,
E não para a minha face em desalinho,
Alguém que me dá suporte,
Em cada momento de provação,
Alguém que me faz acreditar,
Que não existe um ponto final,
E sim, a passagem para outro lugar,
Além do espaço sideral.

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(Para meu sogro Erenito)