NEFASTA ESCRAVIDÃO
A Castro Alves, meu maior inspirador
Dedico esta composição.
Como forma de compartilhar a sua dor
Sentida diante da agonizante escravidão.
Não vi pessoalmente, mas só de imaginar
A desgraçada situação à que os escravos estavam sujeitos,
Sinto algo difícil de se explicar,
Algo que causa um aperto no meu peito!
Nenhum ser humano é merecedor
De tão impróprio tratamento.
E o decreto da Lei Áurea, considerado libertador,
Libertou os escravos, mas não curou seus ferimentos!
Não! Não poderia mais o mundo
Continuar sendo palco de tal atrocidade!
Nem por mais um segundo,
Pois existe Deus e toda sua santidade!
Das vergonhas do Brasil,
Essa, sem dúvida, foi a mais marcante.
Nosso país, em seu território, permitiu
O sofrimento de uma raça, de forma incessante.
Oh! Livres por natureza,
De repente, enclausurados!
Mesmo em um país de tantas belezas,
Felicidade, para eles, era coisa do passado...
Tenho uma imagem em mente
Quando penso em escravidão.
Ela não reproduz esta perfeitamente,
Mas causa-me grande comoção.
Trata-se de um negro deitado
De cinco a seis anos de idade,
Que, por lágrimas, tem o rosto molhado,
A gritar por piedade!
Então finalmente alguém o acode
E o ajuda a levantar.
Este alguém é o único que pode
Os ferimentos dos escravos, um dia, cicatrizar.
É! É só o tempo, o maior dos cicatrizantes,
Que talvez possa apagar da nossa história este borrão,
A escravidão nefasta e agonizante,
Que para Castro Alves, mais que paradoxo, serviu de inspiração.
12/10/11