Dois Irmãos: Bethânia e Caetano

Vai cordão da voz e diga lá o que eu não posso dizer aqui.

Meu peito arde por tanto querer expressar-se:

folhinha verde em galho, rosinha no caule abanando...

Já queria desde criancinha, cercar-me em dias e dias de árvores solitárias.

Eu as descobria ao longe sobre a relva verde e clara de doer os olhos.

Quando pequeninha li poesias na escola.

Pensei: peraltices: pique até a data de 31 de janeiro, anel de mão em mão, uva e maçã...

Onde fica a poesia? Sonhava com poemas escritos em nuvens. Lagos rodeando versos.

Uns aqui, outros namorados ali gostavam de meus versos, riam, saudavam.

E o coração em fogueiras alastrava mundo afora.

Os anos viviam em mim como textos insondáveis, inertes de fingimentos tantos.

Poemas de rua, como meninos órfãos. Nasciam em bares, em esqüinas e em botequins. Hoje eu, às vezes, escrevo pestanejando, perguntando-me qual a morada da alma?.

Mas, venho bordando palavras de rendas limpas e manchadas.

Às vezes não sei por que escrevo.

Mas, adoraria que muitos me lessem.

Que o recanto das letras saltasse muros.

Eu, pequenina que sou, sonho com dois irmãos:

Bethânia e Caetano cantando minhas músicas. “Pena Miudinha” com eles? “Incertezas” em suas vozes?

Será que seriam tão belas como essa música linda que ouço agora:

“Tempo, tempo, tempo vou lhe fazer um pedido”:

Dêem minhas criações aos Leãozinhos das vozes melodiosas.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 08/10/2011
Reeditado em 12/10/2011
Código do texto: T3265136