ODE AOS POETAS

O poeta bêbado e apaixonado se chafurdou na lama

Tentando beijar a lua

Refletida na poça enlameada da calçada da rua...

***

Não quero os poetas cansados

Quero o calor das letras

Os apóstolos da poesia eternizados...

Quero-os quase bentos

Rezando nos terços teclados

Dando vida aos discípulos letrados

Quero o sabor do pensamento

O líquen do ser ordenhado

Em frações de curas e linimento ao condenado

Quero a luz sem refração

Do escuro surgem as estrelas

Como letras na escuridão

Sou poeta esteta da vida

Tenho tantos irmãos não dá pra contar

Como os santos no altar

Quero vida a todos os irmãos

A morte jamais verão

Enquanto uma poesia existir jamais morrerão

Versos simples abrem estradas

Falam por multidões

Há mais vida nas palavras que nas intenções

O poeta já nasceu poeta

Poeta nunca morre sem companhia

O poeta sempre desperta na poesia

Meu maior orgulho é ser poeta

E se não o fosse escutaria

A vida passar pelos versos de uma poesia

O poeta não existe

Ele vive numa invenção

Ah! Poeta se tu não existes haverei de te inventar

(Dedicatória a esta grande familia dos poetas eternos!)