Mulheres, sois de valia.

Mulheres, sois de valia.

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Mulheres de franja,

de ânsia,

ansiadas,

que fazem tricô, não dizem de amores...

Mulheres de franja,

ora sem franja,

com ânsia,

com ânsia de ansiosas,

fazem amores e exibem-se nas esquinas certas,

estão certas,

são espertas.

Mulheres morenas,

não casam, morenas...;

loiras também não, são inteligentes,

todas potentes,

imponentes,

vão em frente.

Mulher moderna não pára,

a vida ficou-lhes cara,

correm sempre,

do seu tempo à frente,

sua busca incontinenti,

mandam e desmandam,

pagam taxas, pagam impostos,

prontas em seus postos,

cansam,

desde que levantam,

pintam, mandam, fazem cortes,costuras,

dirigem e falam,

comandam,

cantam,

encantam, menos,

porém encantam.

De véu negro esvoaçantes,

às ruas das arábias,

de tailler nas traddings,

de jaleco nos hospitais,

nos bancos contam dinheiro.

Mulheres, ei, mulheres,

não querem chorar mais,

não querem mentruar mais,

querem de uma só vez, tudo o mais;

esqueceram-nos, somos voláteis;

dependemos...;

Seus mundos retráteis

pôe-nos medos, não compitam,

não somos portáteis,

precisamos... ;

Mulheres tortas,

umas de vida torta,

outras desempenadinhas,

tão queridinhas,

amamo-nas assim,

queremos nos fazer valer,

para um pouco poder,

as queremos nossas, sabe ?

...para ter ;

Mulheres de franja, sem franjas,

mulheres de tranças,

trançaram nossas vidas,

traçaram nossos caminhos,

valham-nos.

Queremo-nas todas, morenas, ruivas e louras.

Ponde luz, não cuspam ao chão, não se estendam na medida,

valham-nos;

Não fujam, façam luz aos nossos caminhos,

dêem a luz de novo,

para nós, para os nossos,

ponde-vos impecáveis de novo,

estiquem ou encurtem seus vestidos,

trajem almas mulheris agora,

sejais o fruto mais puro da árvore,

como fostes antes;

Amem-nos, estraçalhem-nos, vivam para nós,

um pouco mais ainda,

deixai agora vossas ânsias de lado,

valham-nos.

Teobaldo Mesquita
Enviado por Teobaldo Mesquita em 13/12/2006
Código do texto: T317243