FILHO POR OITO ANOS (ainda tenho guardado teu cheiro)
FILHO POR OITO ANOS
(ainda tenho guardado teu cheiro)
Quando aprendi, que eu, filho teu,
Teria de ser adulto aos oito anos
(amadureci abafado)
Descobri que Pai era uma palavra desusada
No meu cotidiano (bendito fruto entre as mulheres)
E que todo mundo tinha Pai, menos eu.
Tive que me acostumar com tua ausência
Tão inóspita e teu silêncio mais ausente ainda.
Travei a maior batalha de minha vida, muito novo,
Aprender a dormir sem ter que ti esperar
A ter de dormir com tua ultima camisa que ficou
E que ainda continha teu cheiro
E ter de aprender a viver com tão pouco de ti.
Fui galgando caminhos tempestadiosos na vida
E nas tormentas deste aprender me vir sem um norte,
Sem rumo certo, sem um farol
E as marcas do crescer eram mais visíveis em mim.
E eu tive de trilhar meus próprios caminhos incertos
Meus próprios acertos.
Descobre-se com certo tempo de ausência paterna
Que ser Pai não é somente se dizer Pai!
É ser-se farol, ilha, ponte, marco inicial.
É ter respostas para perguntas sem pé, sem cabeça.
É ser fragrância e voz identificativa.
É ser identidade!
É sempre estar certo, mesmo atravessando
Caminhos escuros em tempos difíceis.
Ser Pai...!?
Eu não vou ser Pai!
Por que meu Pai não me ensinou como é ser filho!
É! Ser Pai não é para qualquer um.
É para os que aprenderam ser filho.
Ou não!
E de meu Pai? Ainda tenho guardado
O seu ultimo cheiro de lembrança
Da sua partida aos meus oito anos.
Psar Martins
Belém, 14-08-11.
Dia dos Pais.