Ópera na escuridão
Ópera na escuridão
Sandra Ravanini
A José Carlos Lopes
Dá-se à luz a escuridão nascendo afora,
a ópera das tuas quimeras visionárias
velando o canto sufocado de outra ária,
soprando em dó o pó do grito que nos ora.
Versos noturnos desafinando as linhas,
fantasiando as nossas sombras paralelas,
perdidas na solidão de um céu sem eras
enquanto o pó em dó ecoa a luz que desalinha.
Dá-se a ópera nessa tamanha escuridão,
caindo d’eus noturnos na luz da fantasia;
dó soprando o pó da sombra que em nó tecia
traços de grafite à poesia de minhas mãos.
Ópera na escuridão entoando dó ao nó que dei;
e olhei para os céus, vi quimeras devolutas
clareando as linhas e a poeira absoluta,
soprando d’eus noturnos o pó da ária que entoei.
12/08/2011