A DOÇURA POÉTICA
Mormente quando o poeta finge,
Em sendo ele um galanteador,
Ainda mais sua poesia atinge
A quantos o sabem um fingidor
Pois não é a poesia etérea, abastrata,
E o vate que finge o seu condutor,
Que, manejando palavras revive e mata
Dos olhos a beleza, da alma o clamor?
Não queiram do poeta só o concreto,
O real, o perceptível, mas peito aberto
E coração alçado ao mais sublime espaço
Cobrem dele, sim, apenas e tão somente,
Não ser pragmático, mas assim meio indolente,
Alguém que sonha, enternece e finge.