MARINHO MACEDO ABRAVANEL DE ASSAD CIVITA E OUTROS
Aonde está minha boca aberta insana?
Sempre perplexa pelas sandices do mundo.
Fechou-se de medo aquela vaca profana?
Boca que nunca calou a voz destrutiva.
Sem medo de ninguém e de nada?
De soltar a fala crítica e criativa?
Aonde está minha boca aberta?
Quem fechou?
Quem selou?
Quem lacrou?
Aonde estão meus olhos arregalados?
De enxergar as mazelas do mundo.
Ver tudo de perto estatelados?
Olhos que choram corredores de lágrimas sem fim
Depois se contraem na própria tristeza?
Por que tudo funciona assim?
Aonde estão meus olhos arregalados?
Quem os cegou?
Quem os furou?
Quem os tampou?
Aonde estão meus ouvidos sujos?
Do acúmulo de cera de bobagens,
Ditas pelos que me mandam as imagens?
Que cegam, furam, tampam meus olhos;
Fecham, selam e lacram minha boca?
Socorro! Não aguento mais
Tanta manipulação.
Desliguem, desliguem...
A televisão!