Sons do Vento (a um amigo!)
A sala está escura... lembro-me tanto de tudo... sinto tanto as ausências...
Lembro-me ainda de quando vinhas e envolvias meus olhos alheios nas brumas que trazias nos teus...
Contavas-me histórias de livros que eu jamais li... povoaste minha mente de cenários e personagens fictícios... juntos, transformamos em narrativas a crueza de nossa realidade...
meus temores, meus sonhos, minhas paixões viraram palavras que confessei a ti de algum modo, um dia (e quanto alívio me trazias!).
Éramos apenas o vento a passar pelo mundo cantando... éramos o som de nossas vozes em música... éramos o brilho da existência iluminando o tempo por alguns segundos - como as estrelas que explodem...
Sinto falta das tuas histórias; das minhas histórias; das nossas histórias;
Oh, mas não findou, ainda - esse é meu segredo ou mistério: tudo que pulsa em meu ser sobrevive às agruras da separação espaço-temporal - não se extinguem os laços que crio (as raízes profundas de meus sentimentos!)...
Espera, que logo contaremos histórias juntos novamente, logo desafiaremos a vida novamente e seremos inconsistentes como o vento, muito em breve, mon ami...
(Para meu melhor amigo, que está distante de mim mas a quem considero um irmão por escolha, Caio!)