Pedacinho da África
Oh, minha senzala, minha senzala.
Para alguns era motivo de assombro,
Para os cativos servia como sala
Depois de ter rasgado em feridas o lombo.
No descanso da labuta do dia
Só restava deitar sobre a esteira,
E ouvir o canto, um entoado de melancolia
De outro negro em torno da fogueira.
Sobre a palha as mezinhas para curar feridas,
Mas que não curam cicatrizes.
Oh, meu bom Senhor, quantas vidas
Aprisionadas, caladas e infelizes!
Negro velho, negro jovem dentro da senzala.
Ora batucando e cantando no terreiro,
Momentos de descontração e fé que não se abala,
É um pedacinho da África no cativeiro.