Nos Bastidores do Natal


Os sinos da torre da capela,
Cuja imponência se ofuscava
Ante a beleza da lua,
Agitados anunciavam o nascimento
Do filho de José de Arimatéia,
Que também fora menino de rua.

Soam fogos, festas, algazarras,
Distante...
O brilho das luzes se confunde
Com a alegria das crianças.
Meia-noite!
Uma estrela desliza no horizonte
Preludiando o novo dia,
O dia da esperança.

No repicar das três últimas badaladas,
Descerro, faminto,
Os meus trapos esfalfados
E ainda deitado no cimento frio
Da calçada, ergo o olhar ao céu,
Agora estrelado,
Suplicando, não um Presente de Natal!
Mas apenas um lençol
Menos esfarrapado.