Recordar é Reviver...

O Rio de janeiro já não canta, chora

A sua boemia ficou no passado

O samba já não chega até o romper da aurora.

E o velho bom malandro está aposentado!

Ah, doce lembrança que ninguém me tira

De relembrar desfiles tradicionais

Rever a Vila incorporada de Maíra

Ai que saudade dos antigos carnavais!

O som daquela bateria atraente

Que fez a arquibancada aplaudir de pé

E uma Mocidade alegre, Independente

Dançou ao som das mãos do grande mestre André

E a doce poesia que ao som da viola

Sempre exautava o céu tão lindo de Mangueira

Findou-se a luz de um astro chamado Cartola

Não se maltrata o samba assim dessa maneira!

Podaram as lindas asas da tal liberdade

Entristecendo os olhos da Imperatriz

E o negro que clamava pela igualdade

Abdicou do sonho de um dia ser feliz!

O patuá do samba é o batuqueiro

Sem o amuleto o samba perde sua sorte

Se na avenida não passar o meu Salgueiro

Eu vou pegar um Ita e voltar pro norte!

Oh Deus do samba diga, qual é o mistério

Que só faz definhar minh'alma descontente

Sem a Coroa o que será do meu Império

Serrinha sem seu Jongo o que será da gente?

A águia adormeceu aqui em Madureira

E a sua velha guarda lamenta o futuro

Por não haver na roda um samba de primeira

Sem Samba e sem Portela eu enlouqueço, juro!

A primavera é o Carnaval dessa cidade

E faz abrir os braços do meu Redentor

Apoteose é a rosa da felicidade

Onde baila feliz um lindo Beija Flor!

Marisa Rosa Cabral.

Marisa Rosa
Enviado por Marisa Rosa em 17/07/2011
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