Recordar é Reviver...
O Rio de janeiro já não canta, chora
A sua boemia ficou no passado
O samba já não chega até o romper da aurora.
E o velho bom malandro está aposentado!
Ah, doce lembrança que ninguém me tira
De relembrar desfiles tradicionais
Rever a Vila incorporada de Maíra
Ai que saudade dos antigos carnavais!
O som daquela bateria atraente
Que fez a arquibancada aplaudir de pé
E uma Mocidade alegre, Independente
Dançou ao som das mãos do grande mestre André
E a doce poesia que ao som da viola
Sempre exautava o céu tão lindo de Mangueira
Findou-se a luz de um astro chamado Cartola
Não se maltrata o samba assim dessa maneira!
Podaram as lindas asas da tal liberdade
Entristecendo os olhos da Imperatriz
E o negro que clamava pela igualdade
Abdicou do sonho de um dia ser feliz!
O patuá do samba é o batuqueiro
Sem o amuleto o samba perde sua sorte
Se na avenida não passar o meu Salgueiro
Eu vou pegar um Ita e voltar pro norte!
Oh Deus do samba diga, qual é o mistério
Que só faz definhar minh'alma descontente
Sem a Coroa o que será do meu Império
Serrinha sem seu Jongo o que será da gente?
A águia adormeceu aqui em Madureira
E a sua velha guarda lamenta o futuro
Por não haver na roda um samba de primeira
Sem Samba e sem Portela eu enlouqueço, juro!
A primavera é o Carnaval dessa cidade
E faz abrir os braços do meu Redentor
Apoteose é a rosa da felicidade
Onde baila feliz um lindo Beija Flor!
Marisa Rosa Cabral.