BATATAS EMPANADAS
Comer batatas empanadas
na casa da mãe aos domingos
com o filho e o Amor Eterno.
Carinhosamente preparadas pela Odila.
Acordar, ainda na década de 60,
aos domingos
com cheiro de galo velho cozinhando
no fogão à lenha e o chiado da panela de pressão
despertando a gente
(que nem ainda havia acordado)
com fome de leão.
Carinhosamente preparado pela Odila.
Acordar com o barulho ritmado
do socador de alho fazendo o tempero
durante, naquela década,
em dia das feiras
ou aos sábados
(dia de matar o pobre galo)
Carinhosamente preparado pela Odila
Ter sido criado por duas mães:
a conhecida Odila,
empregada – a primeira,
e a genitora, Maria,
que bordava lençóis brancos
para o sono ser colorido.
As coisas não são eternas
para que a saudade valorize
as bondades maternas
e ela, a saudade, ressuscite
quem já passou na brincadeira
de pular corda do tempo.
Carinhosamente dedicado à Odila e à Maria.
L.L. Bcena, 20/03/2011
POEMA 311 – CADERNO: CHEGADA NO PORTO.