Se...
Se um dia tivesses coragem de ser minha
sabia não ser em vão a luta louca
que exprimia em poemas e canções eternizados
em momentos que jamais ousavam existir.
Se um dia meus lábios te umedecessem a pele
e minhas mãos tocassem a suave melodia da paixão
os céus, que azulavam tua vida de incertezas,
de vermelho pintariam nossa paz de luz.
Se por uma noite eu profanasse
a maculada virgindade de tua essência
o ruído incondicional de tuas sensações
ou a limitada desconstrução de teus acordes angélicos
afastariam o medo incólume de ser feliz.
Se por fraqueza ou ócio eu me despisse de pudores,
a surdez de tuas ínfimas ternuras
invadiriam minh’alma jovem
perfazendo-se, como são, eternamente irresponsáveis
de audácia adúltera e definitiva.
Se eu não te amasse tanto em mim
não poderia ser só meu
todo o prazer que sinto
em dividir-me apenas teu.