Último Ato

Último Ato (A Paulo Autran)

Desceu o pano. Saiu de cena.

Cumpriu-se o último ato.

O mais difícil. O maior.

Cessaram-se os aplausos.

A luz apagara. Fez-se silêncio

e o teatro ficou vazio.

Toda uma vida de interpretação.

Personagens e pessoa se misturam

na mais profunda cumplicidade.

Viver era representar.

Representar era viver.

Ato contínuo da expressão.

Ficaram as lembranças. Inapagáveis.

Em cada gesto, em cada olhar.

Na multiplicidade das fantasias.

Ficou o exemplo de amor a arte.

Amor a vida. Amor ao palco.

Inesquecível Paulo (Autran).

A interpretação cessou..

Não há mais espaço para encenação

quando a verdade absoluta se estabelece.

Afinal, a morte é apenas

o último ato a ser encenado.

Publicado no livro "Horas Verdes" - 2009