Fotos: Ana Flor do Lácio
Rio Douro, na região do Alto Douro Vinhateiro, em Portugal.
O Douro nasce na Espanha, na província de Sória, nos picos da Serra de Urbião (Sierra de Urbión), a 2.080 metros de altitude e atravessa o norte de Portugal até à foz, onde desagua, na cidade do Porto.
RIO DOURO, DE OURO SÃO SUAS ÁGUAS!
O Rio que aqui corre, é d'ouro,
Depois no mar desagua,
Representa grande tesouro
E me encanta, cada gota sua!
Aos socalcos dá beleza,
Aos homens o seu sustento
Fecunda a natureza,
Sua seiva é alimento!
Ao longo das suas margens
Cresce a videira abundante
Emprestando à paisagem
Um aspecto deslumbrante!
No longo leito, de mansinho,
Ondeia seu imponente corpo
Transforma em mel o vinho
Conhecido como «do Porto».
De suas serenas águas
Vem o peixe, saltitando,
Escuto bem as mágoas
Que em surdina vai gritando.
Nunca poderá morrer,
Pois a sua seiva é vida
Ainda que possa sofrer
Cumprirá sua missiva.
(Ana Flor do Lácio, março 1988)
Interação do ilustre poeta Miguel Jacó. Grata, caríssimo Miguel! Seus lindos versos vieram engrandecer e embelezar meu trabalho.
Tens amor a tua pátria,
Fazes muitas reverencias,
Como são belas e sensatas,
Estas tuas continências.
(Miguel Jacó)
Bom dia Ana, você tem feito um trabalho poético apaixonante nesta sua forma inusitada de nos apresentar o País onde nascestes.
Meus parabéns por tamanha beleza em versos e ilustrações e conteúdo histórico, eu te desejo uma excelente semana, MJ.
Interação do brilhante poeta Maurício de Azevedo. Grata, Maurício! Seus versos vieram embelezar minha página.
DE DOURO, DOURO A MINHA CALMA
EM OURO, FAÇO O MEU MAR, A MINHA CASA
AH, RIO QUE ME FASCINA,DANDO ME A GLÓRIA
EM TUAS ÁGUAS LEVAS-ME , A MINHA ALMA
E SE ME ACORDO,PRÓXIMO, TRAZ-ME O VINHO
SE ME CHORO, VEM AS TUAS UVAS
A ME SAUDAR, A CONFORTAR-ME,
A SER ME OUTRA PÁTRIA
QUE TENHO DO LADO DE LÁ…
(Maurício de Azevedo)
MINHA CARA AMIGA, NÃO RESISTI A EMOÇÃO DE VERSEJAR. DE INTERAR COM TODA A BELEZA DESTA TUA SENSIBLIDADE FORMATADA , DOCEMENTE CORAÇÃO E EMOÇÃO À TUA PATRIA. ABRAÇOS. ANA, MIL PARABÉNS.
Minha homenagem ao imponente Rio Douro, que marca a zona de transição entre as regiões norte e centro de Portugal.
É o segundo rio mais extenso da Península Ibérica. Possui 927 km de comprimento e forma uma fronteira natural entre Portugal e Espanha.Constitui uma das maiores bacias hidrográficas da Europa Ocidental, que se destaca pelos notáveis valores histórico-culturais, artísticos e ambientais.
Nas regiões atravessadas pelo Rio Douro, é peculiar a forma como as inúmeras vinhas se estendem pelos socalcos ao longo das suas encostas. Há mais de 2000 anos que aqui se produzem alguns dos melhores vinhos portugueses e do mundo, entre os quais, o mundialmente célebre vinho do Porto.
A UNESCO incluiu a região vinhateira do Alto Douro (em 14 de Dezembro de 2001), na lista dos lugares que são Patrimônio da Humanidade, na categoria de paisagem cultural.
No leito do rio rolavam, noutros tempos, brilhantes pedrinhas que se descobriu serem d'ouro. Daí o nome dado a este rio: Douro.
«Douro, poema geológico», foi como o grande poeta Miguel Torga se referiu à Região do Douro e suas gentes.
Há algo de mágico por estas paragens…
Um mundo que sempre deveria ser mantido assim.
Ao longo de todo o percurso do Rio Douro, a natureza foi pródiga na beleza paisagística e na biodiversidade.
Percurso esse amaciado por cinco barragens, envolvidas por arribas, picos e montanhas onde o homem chega a custo. Nelas habitam algumas comunidades de aves, algumas em perigosa regressão, como a cegonha preta, o grifo, a águia-real, a águia de Bonneli, o milhafre-real, entre outros.
Nas suas águas cristalinas podem ser observadas espécies indígenas, como o escalo, a enguia, a truta, a carpa, a perca, o barbo, o lúcio, o lagostim-vermelho e o mexilhão (idêntico ao do mar). Nas suas encostas os caçadores encontram codornizes, perdizes, pombos-bravos, melros, coelhos e lebres.
Podem ainda encontrar-se espécies cinegéticas, que são uma das maiores riquezas naturais da região: corças, javalis, raposas e, dizem, alguns (pouquíssimos) lobos.
O alimento encontram-no nos campos de cereais, nos vales profundos e seus verdes lameiros, nos soutos, nos choupos, nos carvalhais, nos olivais, nos laranjais, nos cerejais, nas vinhas e nos bosques de castanheiros, carrascos e sobreiros que marcam, soberbamente, o resto da paisagem.
Aqui, com a natureza, mora o sossego, entre as pedras lavadas pelas cristalinas águas.
Na foto: o Rio Douro, no coração do Douro Vinhateiro: a cidade da Régua e a velhinha Ponte de Ferro, construída em 1864.
Aqui somos fustigados por temperaturas extremas e, se nos meses de agosto se atingem facilmente 45º C, também nos meses de dezembro e janeiro, facilmente se registram temperaturas negativas.
A melhor época do ano para visitar o Douro é, sem dúvida, a primavera ou o final do verão, setembro, a época das tradicionais e seculares vindimas, ritual que ano após ano enche o Douro e todo o país de um encantamento único. Montanhas e vales animam-se e povoam-se de gente trabalhadora e corajosa. No ar, o aroma das uvas maduras perfumam a paisagem que de tons ocres se veste; é a altura de colher os suculentos e doces bagos que irão produzir alguns dos melhores vinhos do mundo, senão o mais célebre de todos: o Vinho do Porto.
Na foto: Ponte Nova e cidade da Régua, princesa do Douro, capital da Vinha e do Vinho, vantajosamente situada no coração da região Duriense.
Falar do Douro, não é apenas falar de um rio ou de uma região. É muito mais do que isso... é falar de toda a sua história e das suas gentes, que o tornam tão especial.
Conhecer o Douro não é apenas visitar a região, é partir numa viagem à descoberta de um lugar único, com uma história, cultura e pessoas únicas.
Em séculos passados era este rio estreito e perigoso. Estava repleto de fortíssimas correntes e pedras quase submersas que representavam um desafio e grande perigo para os que nele navegavam. É incalculável a prosperidade que ele trouxe à região, visto que era através dele que se fazia o transporte do precioso néctar, o Vinho do Porto. Nessa época apenas um pequeno barco de madeira – o barco Rabelo – conseguia navegar nestas águas e fazer o transporte dos barris de vinho desde o Vale do Douro até à foz.
O seu curso está, agora, mais regularizado e navegável. Os barcos Rabelos não continuam a fazer a sua travassia. Atualmente são famosos os cruzeiros turísticos que dão a conhecer as maravilhas da região aos visitantes.
É nestes terraços, em acentuados declives talhados no xisto e no calcário, que são cultivadas deliciosas cerejas, ginjas, framboesas, romãs, maçãs, pêras, laranjas, medronhos, pêssegos, damascos, amêndoas, castanhas, nozes, avelãs, figos e uvas que dá gosto colher e comer…
Felizmente que nem tudo se perdeu com as incursões bárbaras do progresso.
Aqui, sempre sou recebida de braços abertos por estes «excessos da natureza» onde apetece ficar horas sem fim em quietude, contemplando estes tesouros…
Incrível é acordar aqui, onde o silêncio é absoluto, depois de uma noite embalada pelo suave cantar dos pássaros e iluminada pelo brilho das estrelas...
Incrível é a falta de pressa que este lugar impõe.
Incrível como aqui a vida e a natureza inundam tudo e todos de bons fluidos.
Aqui, sempre abro a boca de espanto e entrego a alma à poesia.