O CANTO DOS ESCRAVOS
 
 
Nas caravelas vieram
Trazidos contra a vontade
Nobres almas feridas
Pela eterna maldade
 
Foram vilipendiados
Em seus direitos divinos
Roubaram-lhes não só a vida
Transtornaram-lhes os destinos
 
Foram marcadas as peles
Subjugados no mundo
Torturados e massacrados
No poço, foram ao fundo!
 
Tratados injustamente
Como se gente não fossem
Deixaram, porém a semente
Nos homens da era demente!
 
Um canto livre é ouvido
Da voz de uma princesa
Que fez a justiça por eles
Escravos que serviam a mesa
 
O canto de liberdade
Dos frutos que deles nascessem
A lei Áurea é promulgada
Para que nunca mais sofressem!
 
Um canto ainda é ouvido
Nos tempos atuais
Porque os escravos sofreram
Tormentos tão desiguais?
 
Por causa da horrível usura
Do homem daquela época
Que se achava nobre
E era o nobre déspota
 
Em cada suor desta terra
Chamada de nosso Brasil
Existe o sangue bendito
Que o filho da terra pariu
 
Um canto de liberdade
Do suor deste povo irmão
Que veio trazido no laço
Vivia sem compaixão!
 
É cantado aos quatro cantos
De norte a sul do país
Desta história tão sofrida
Desta gente tão infeliz!
 
São marcas deixadas num tempo
Onde não se respeitava
Nem o homem nem sua terra
Nem sua casta sagrada
 
Um canto, até um lamento
Da dor que eles sofreram
Vergonhas da nossa história
Que os tempos nunca perderam!
 
Hoje canto este choro
Das vozes deste passado
De vergonha e só tristeza
Deste povo aqui deixado!
 
Cada sangue destes filhos
Na mistura que foi feita
É a nobre igualdade
É a mistura direita
 
Do sangue que é o mesmo sangue
Que corre em nossas veias
O sangue sofrido de homens
Que sofreram em nossas teias!


ROSA SERENA
Enviado por ROSA SERENA em 12/05/2011
Código do texto: T2966424
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