CIDADE ALTA

Minha cidade elevada,

Colina natal, e sim!

Favela. Em cimento armada.

Aqui. O início de mim

De Leblon, Gávea,

E de outras moradas,

Famílias enraizando-se em nova área.

Novas vidas ali iniciadas.

Juntam-se bancários...

Vão-se bancários...

Expandindo a comunidade.

Exibindo a realidade.

Desbastados! Segregados!

Varridos sob o tapete suburbano.

Condenados, isolados,

Dignidade ou engano?

Fruto do crescimento desordenado,

Favelização e construções irregulares

Descendo os barrancos,

É engendrado o povo e seus lares.

Uma minoria bandida

Rotulam a maioria humilde.

Cidade Alta sinônimo de Gueto.

Medo! Das vielas, dos segredos.

Funk, baile e alegria.

Para muitos, agonia

Embora arregado, há tensão.

Será que terá incursão?

Seguem-se guerras e execuções.

Entre tempos de paz vigiada

Mantida por falanges e comandos

O Poder paralelo dos bandos.

Dublê de comunidade badalada,

Dedicada a Deus apareceu,

Nas telas do mundo,

Porém no submundo permaneceu.

Resistente a arte persiste,

Em centros de treinamentos,

Igrejas, praças e quadras.

Mexendo a barriga em blocos e sambas.

Memória de um povo,

Cultura de uma favela

Arte de uma comunidade

Bendita seja ela.

Minha Cidade quase emancipada

Em seus bares, lojas e mansões

Brotados dos antigos Jardins

Puxadas por humildes artesões.

Salve a Cidade Alta

Minha eterna morada,

Lar de Perninha’s, Mirian’s e Renan’s

Hoje e sempre Cidade Alta.