O Que Diz A Morte

Deixai-os vir a mim, os que lidaram; Deixai-os vir a mim, os que padecem; E os que cheios de mágoa e tédio encaram As próprias obras vãs, de que escarnecem... Em mim, os Sofrimentos que não saram, Paixão, Dúvida e Mal, se desvanecem. As torrentes da Dor, que nunca param, Como num mar, em mim desaparecem. - Assim a Morte diz. Verbo velado, Silencioso intérprete sagrado Das cousas invisíveis, muda e fria, É, na sua mudez, mais retumbante Que o clamoroso mar; mais rutilante, Na sua noite, do que a luz do dia.

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Antero de Quental

Conde Diego O Poeta
Enviado por Conde Diego O Poeta em 16/04/2011
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