A Culpa de Volpi
para o Alfredo Volpi
Nenhuma cor pode pintar o silêncio do poema.
A fome alva da tela onde pousam as letras,
reproduz o palpitar colorido das formas
ainda embrionárias numa paleta de Volpi.
Volpi... poderiam ser apenas triângulos, quadrados
e retângulos misturados à clara e à gema
da imaginação tinta das pessoas.
Mas eram músicas disfarçadas de cores,
bandeirinhas coloridas de uma cena cotidiana,
onde crianças alvoroçadas corressem descalças
num gramado acolchoado,
e a bola...
a lua cheia como um poema a ser escrito.
Descobri o motivo pelo qual
a cor invariavelmente inesperada do poema,
por vezes, silencia.
Vai abraçar-se à alvura ingênua
daquelas bandeirinhas
- e somente das bandeirinhas
que o Alfredo Volpi
deixou de pintar.