ÍNDIA MULHER
Ora índia, ora mulher,
Ora o dia nasce feliz,
Ora nasce o que quiser
Ora é dor, cicatriz.
Se a tua magia nata
Sorve o teu soluçar
E de saudade mata
Quando a morte levar.
Morre o silente vento
Para o céu dar lugar
Morre puro pensamento
No alforje a guardar.
O pássaro amigo
Paira em tua cabeça,
A pomba contigo
Que de amor careça.
Índia morena, pequena,
Alma grande, gigante,
Tua tristeza envenana
A boca do teu amante.
Teu falar é doce mel,
Teu olhar é seta,
Teu limite é o céu,
Teu amor é poeta.
Longe de tuas raizes
Como brasa da fogueira,
Mas inda sobrevives
Debaixo da mão fagueira.
Agita os teus chocalhos
Alardeia tua valentia,
Na floresta dos atalhos
Marcados por tua magia!
Sofre sobretudo a guerra,
Sente a dor de mortais
Também és mortal na terra,
Mas não temes os teus ais.
Índia da lenda, da fenda,
Aquela que da obscuridade
Põe-se a se vestir de renda
Feito mulher de verdade.
(YEHORAM)