Quem afagaria Lord Byron...
Quem afagaria Lord Byron,
senão, a própria poesia,
que na embriagues das palavras,
lhe entregava seu lenitivo para alma
ou uma expiação de seus pecados.
Incauto libertino de tantos amores,
peregrino vidente de tantas mortes,
desperto poeta das Horas de ócio,
leviano amante de belas donzelas
ou de rapazes garbosos em luxúria contumaz.
Choravam Condessas, bradavam rufiões,
mas quem afagaria Lord Byron,
aquele Don Juan libidinoso,
o vampírico coxo de incestuosa ocasião.
Pobre poeta atormentado por dissabores,
amargas lembranças, infelizes momentos,
com o sal de Augusta ou sem o mel de Catherine,
seria este ser subjugado pela loucura,
como diziam seus críticos e pares,
na suntuosa e pomposa Câmara dos Lords.
Quem afagaria Lord Byron,
enquanto choravam as condessas
e bradavam os rufiões,
diante da morte do romantismo absoluto
e pelo enterro dos amores uterinos.
Talvez, outros encarnados hão de brindar,
sobre a lápide gótica deste imortal
e com o mesmo cálice craniano,
onde um mestre lapidou seus temores.
Quem afagaria Lord Byron,
senão, a própria poesia,
musa cortejada sob reluzentes castiçais,
na quintessência de sua alma,
nos delírios de seus prazeres mundanos,
mas eis, que recai sobre o nobre poeta,
uma ardente e misteriosa doença,
dramática eutanásia de versos,
vem fatidicamente abreviá-lo da vida,
então, quem afagaria Lord Byron,
senão, a própria poesia.