BH
Pelas ruas de Belo Horizonte
Multidões sem rumo ou rumando,
Diria que ali eu vi monte,
Montanha de gente andando.
Naquele âmago, o centro antigo,
Que quando menino, ali era o ponto,
Hoje andando eu vi o mendigo
Pedindo e pedindo de bêbado e tonto.
Cena comum entre as metrópoles,
Mas um povo que ali vai rumando
Parecia mais em rumo à necrópoles
De tão apressado que ia vagando.
Quando subo a Rio de Janeiro
Vou adejando pela raça humana,
Tantas caras vão o dia inteiro
E voando já é fim de semana.
Onde está a loja "Homem e Mulher"?
Hoje não passa de uma drogaria,
Ou o Magazin do mesmo ramo até,
Tudo mudou! Exclamou a Maria.
Inda vejo as serras das Alterosas
Apesar de suas costas mutiladas,
Inda gigantes e muito mais formosas,
São lembranças muito bem guardadas.
Em ti nem havia violência,
Os vizinhos já levavam este trauma,
Era fácil aqui sobrevivência
E até alimento para a alma.
Me lembro da tua pureza,
Do teu modesto olhar inocente,
Quando me sorrias sem vileza,
Quando no portão só se punha corrente.
Saudade de ti, Belo Horizonte!
Saudade de alguma tradição
Que ficou esquecida a fonte,
Saudade dos cinemas, extinção!
(YEHORAM)