BH

Pelas ruas de Belo Horizonte

Multidões sem rumo ou rumando,

Diria que ali eu vi monte,

Montanha de gente andando.

Naquele âmago, o centro antigo,

Que quando menino, ali era o ponto,

Hoje andando eu vi o mendigo

Pedindo e pedindo de bêbado e tonto.

Cena comum entre as metrópoles,

Mas um povo que ali vai rumando

Parecia mais em rumo à necrópoles

De tão apressado que ia vagando.

Quando subo a Rio de Janeiro

Vou adejando pela raça humana,

Tantas caras vão o dia inteiro

E voando já é fim de semana.

Onde está a loja "Homem e Mulher"?

Hoje não passa de uma drogaria,

Ou o Magazin do mesmo ramo até,

Tudo mudou! Exclamou a Maria.

Inda vejo as serras das Alterosas

Apesar de suas costas mutiladas,

Inda gigantes e muito mais formosas,

São lembranças muito bem guardadas.

Em ti nem havia violência,

Os vizinhos já levavam este trauma,

Era fácil aqui sobrevivência

E até alimento para a alma.

Me lembro da tua pureza,

Do teu modesto olhar inocente,

Quando me sorrias sem vileza,

Quando no portão só se punha corrente.

Saudade de ti, Belo Horizonte!

Saudade de alguma tradição

Que ficou esquecida a fonte,

Saudade dos cinemas, extinção!

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 21/03/2011
Reeditado em 04/01/2013
Código do texto: T2862753
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.