AOS POETAS

Cantem contra o caos.

Cantem com força.

Escolham palavras

de aço e mel.

Construam versos

de terra e céu.

Cantem com vozes

de tempestade e bonança.

Cantem a esperança

sem cansar,

a dançar

entre os jardins do mundo.

Mesmo que as correntes lhes prendam

e o açoite lhes marque as costas,

cantem a verdade, o amor,

a moral, em honra às almas expostas

nos supermercados do medo.

Cantem mesmo que não seja cedo.

Cantem sem temer represálias

e, como pássaros, sejam os versos

de imensas e abertas asas.

Soltem aves, queimem gaiolas.

Façam da poesia

o pão nosso de cada dia.