No porto
Mulheres de garra e de força.
Fêmeas por carcaça, anjos por essência.
Senhoras de seus lares e maridos,
Senhoras de carne e osso.
Mulheres de pescadores...
Sofridas, padecem...
Mulheres que à beira do rio se despedem de seus homens.
Permitem cair lágrimas que se atrelam ao sal do mar,
Abraçam seus homens que lhe dizem voltar.
No porto, porta da esperança, esperança do recuo...
Um mar e o incógnito...
Será mesmo que retornarás?
Seus homens que partem
Ou a despedida que partem seus corações?
Mulheres que por dias ficarão sozinhas em seus lares
Com seus filhos ou ainda com frio.
E esperarão ansiosas à volta de seus homens.
Mulheres que dão até breve
Sem saber se estão a dizer adeus.
Às mulheres dos pescadores de Acaraú. Poema escrito depois de ter ido até o porto e presenciar toda essa despedida das mulheres de Outra Banda aos seus homens pescadores quando vão para o mar. Maio de 2010.