Confissão de Um Velhinho

(Uma Homenagem ao Idoso)

Confissão de Um Velhinho

__Meu velho, por que se esconde

No silêncio se consome?

Por que o olhar perdido,

Corpo arcado e abatido?

Será que os amos tantos,

Ao lhe darem cabelos brancos,

Fizeram você infeliz?

__Meu silêncio, não é mudo;

Aliás, ele diz tudo.

Do quanto que ensinei,

Dos momentos em que falhei.

Este meu olhar perdido

É a busca dos anos vividos

Na distância que se encontram.

Eu trago o corpo arcado,

Porque sinto fraquejado

Das lutas que a vida traz.

Por sentir-me incapaz,

Deixo o campo de guerrilha

pois já tive nessa trilha,

Mil derrotas, mil vitórias.

O branco de meus cabelos

É a fusão de lindas cores:

Das paixões e dos amores,

Da saudade e da lembrança,

Da incerteza e da esperança.

É a cor que nem o prisma,

Decompõe. É um carisma.

E, se ainda me perguntasse

Como é que a ruga nasce,

Diria:Nada mais do que detritos

Causados pelos conflitos

Das façanhas contra façanhas

Que uma vida assim, tamanha,

Deixa ao ser consumada!

Águeda Mendes da Silva.

Águeda Mendes da Silva
Enviado por Águeda Mendes da Silva em 23/02/2011
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