Confissão de Um Velhinho
(Uma Homenagem ao Idoso)
Confissão de Um Velhinho
__Meu velho, por que se esconde
No silêncio se consome?
Por que o olhar perdido,
Corpo arcado e abatido?
Será que os amos tantos,
Ao lhe darem cabelos brancos,
Fizeram você infeliz?
__Meu silêncio, não é mudo;
Aliás, ele diz tudo.
Do quanto que ensinei,
Dos momentos em que falhei.
Este meu olhar perdido
É a busca dos anos vividos
Na distância que se encontram.
Eu trago o corpo arcado,
Porque sinto fraquejado
Das lutas que a vida traz.
Por sentir-me incapaz,
Deixo o campo de guerrilha
pois já tive nessa trilha,
Mil derrotas, mil vitórias.
O branco de meus cabelos
É a fusão de lindas cores:
Das paixões e dos amores,
Da saudade e da lembrança,
Da incerteza e da esperança.
É a cor que nem o prisma,
Decompõe. É um carisma.
E, se ainda me perguntasse
Como é que a ruga nasce,
Diria:Nada mais do que detritos
Causados pelos conflitos
Das façanhas contra façanhas
Que uma vida assim, tamanha,
Deixa ao ser consumada!
Águeda Mendes da Silva.