LAGOA DA PAMPULHA
No lago caudaloso que cunha a lembrança
Dos peixes vivos saltando para o fundo da lata,
Familias ali não previam atroz mudança
Do dom de Niemeyer que apodrecera em nata.
Os clubes sociais construidos ao arrebol
Desovaram os seus destroços, até seus mortos,
Apesar da opulência que ao nascer do sol
Não camufla os seus podres, nem seus corpos.
E não se pode ver o rico no fundo duma agulha,
A bravata ignorância cegara o seu futuro,
Triste ver hoje em dia, a lagoa da Pampulha,
Tornar-se escoderijo de maníacos no escuro.
Peja o lodo na orla da extinta virgem verdenta,
Extrai-se o verme da pele do pobre operário,
Pode-se pulsar latente na alma sedenta
Por juizo e por ato de regresso ao relicário.
Talvez pela história, pelas décadas douradas,
Os homens lhe darão a cura, torna-se-á pura,
Então crianças corrrerão como debandadas,
Nadarão em suas águas, visão futura.
(YEHORAM)