LAGOA DA PAMPULHA

No lago caudaloso que cunha a lembrança

Dos peixes vivos saltando para o fundo da lata,

Familias ali não previam atroz mudança

Do dom de Niemeyer que apodrecera em nata.

Os clubes sociais construidos ao arrebol

Desovaram os seus destroços, até seus mortos,

Apesar da opulência que ao nascer do sol

Não camufla os seus podres, nem seus corpos.

E não se pode ver o rico no fundo duma agulha,

A bravata ignorância cegara o seu futuro,

Triste ver hoje em dia, a lagoa da Pampulha,

Tornar-se escoderijo de maníacos no escuro.

Peja o lodo na orla da extinta virgem verdenta,

Extrai-se o verme da pele do pobre operário,

Pode-se pulsar latente na alma sedenta

Por juizo e por ato de regresso ao relicário.

Talvez pela história, pelas décadas douradas,

Os homens lhe darão a cura, torna-se-á pura,

Então crianças corrrerão como debandadas,

Nadarão em suas águas, visão futura.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 18/02/2011
Reeditado em 16/02/2012
Código do texto: T2798784
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