Ao poeta Vitório,
os meus mais sinceros agradecimentos pela bela homenagem, que muita alegria me trouxe, embora não me julgue merecedora de tantos elogios.
Celina

LER CELINA
- Presente de Vitórrio Sezabar

Ler Celina,
é arrancar sorrisos
das bochechas murchas,
preencher a alma
de contentamento,
é alcançar o porto
sob o vendaval.

Ler a Celina
é estancar o pranto
da desilusão,
cravejar no peito
sentimentos nobres,
sepultar as dores
de uma ingratidão.

Ler a Celina
é esquecer os medos
de uma noite fria,
esquentar os pés
dos nossos outonos,
salpicar as carnes
com manjericão.

Ler a Celina
é sentir o cheiro
do automóvel zero,
futucar o dedo
na torta de nozes,
ver as trapalhadas
dos netos no chão.

Ler a Celina
é lamber o fundo
do prato de sopa,
degustar o quibe
que sobrou na mesa,
lambuzar a boca
com o pudim da vó.

Ler a Celina
é aspirar o aroma
de alfazemos novas,
sob a sombra fresca
do vasto arvoredo
nas campinas verdes
desta primavera.

Ler a Celina?
Desatar os laços
da monotonia,
renovar as forças
para a caminhada,
ver nos horizontes
só o azul da paz.

Ler a Celina
é estancar a ira
contra os maldizentes,
perdoar vizinhos
inconvenientes,
ser o guia certo
sob a escuridão.

Ler a Celina
é sorver haicais
de poesia pura,
degustar quadrinhas
cheias de ternura,
ter lições suaves
de erudição.

Um pequeno e singelo mimo a uma das poetisas mais reverenciadas deste Recanto. Tenho consciência de que ela merece muito mais.