NAVIOS NEGREIROS NOVAMENTE

     TALVEZ SEJA APENAS UM SONHO
O OLHAR MEDONHO DO MENINO ASSUSTADO
      DO ALTO DE UMA IMENSA FAVELA
     QUE DE SUA JANELA SEM VIDRAÇA
ARREGAÇA SEUS OLHOS PARA UM ESTRELA
     E PERGUNTA PARA SI EM SILENCIO;



-POR QUE TAO PERTO DO CÉU E SENTIR RÉU
                     /DE MIM MESMO ?
    POR QUE TÃO PERTO DAS ESTRELAS
/E SENTIR PRESO ENTRE JANELAS EMBANDEIRADAS ?
-POR QUE MEU DEUS,TÃO PERTO DE VOSSO OLHAR
/E SENTIR MEDO E PAVOR DEBAIXO DE VOSSO AMOR ?



        TALVEZ SEJA APENAS UM SONHO
    O SILENCIO DAQUELE OLHAR ASSUSTADO
      DO ALTO DE UM SONHO ENJAULADO
       QUE DO SEU CORAÇÃO DILACERADO
       ESPIA O MUNDO FEITO UM CONDOR
     E PERGUNTA PARA SI SEM ENTENDER...
                        OH MEU DEUS!
-POR QUE TÃO PERTO DAS MANSÕES E DOS BRASÕES,
   /E PASSAR FOME E MORRER SEM NOME..?


        -PORQUE TÃO PERTO DAS LUMINISES,
        /E MORRER DEBAIXO DAS MARQUIZES ?

     -POR QUE TÃO PERTO DE VOSSOS BRAÇOS
     E SERVIR DE CAPACHO DOS NOVOS RICAÇOS ?



TALVEZ SEJA APENAS UM SONHO NOVAMENTE
ESTE NAVIO ANCORADO NAS VIELAS DO MUNDO
ONDE HABITAM MILHARES DE SOMBRAS SILENCIOSAS
QUE DO ALTO DE SUAS JANELAS EMBANDEIRADAS
ESPIAM O MUNDO EM SILENCIO DE CÚMPLICES
NAQUELE VALE DE MORTE E DE TRISTEZA
VÍTIMAS DA RIQUEZA E DOS DESPREZO HUMANO...



       TALVEZ SEJA APENAS UM SONHO
            OU UM FILME BEM FEITO
       OU UM DOCUMENTÁRIO MEDONHO
        QUE ASSISTIMOS IMPASSÍVEIS
    NO SILENCIO DE NOSSAS POLTRONAS
ENQUANTO MILHARES DE SOMBRAS HUMANAS
SÃO ACORRENTADAS VIVAS EM JAULAS DESUMANAS
E SINGRAM OS MARES DE NOSSA CONSCIÊNCIA
E ABARROTAM OS PORTOS DE NOSSA LUXÚRIA
DE MERCADORIAS HUMANAS QUE ALIMENTAM O NOSSO EGO
E REACENDEM NOVAMENTE OS GRILHÕES DA ESCRAVIDÃO
QUE NOS TORNA CEGOS E ESCRAVOS DE NÓS MESMOS
       E ENJAULADOS DENTRO DE NÓS MESMOS
FEITO CRIANÇAS ASSUSTADAS QUE PERGUNTAM AO MUNDO:
-OH DEUS, OH MEU DEUS ! ONDE ESTÁS QUE NÃO RESPONDES?
             -EM QUE ESTRELA TU ESCONDES..?.
             -EM QUE FAVELA TU  ESCONDES ?

13/05/2004
Marco de Nilo
Enviado por Marco de Nilo em 01/02/2011
Reeditado em 14/03/2019
Código do texto: T2764890
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