Pedras com alma
Acocorado na rudeza do trabalho
Mãos calejadas pelo uso da picareta
O artífice escolhe a malha
Monta o puzzle com arte
Assenta simetricamente as lajetas
Sobre as pernas dormentes
São tantos pés que pisam o seu suor
Tanto o desprezo pelo labor alheio
Frenéticos passos polindo o tapete
À vista geometricamente perfeito
Há um silêncio de pedra
Um gelo no coração
De quem passa e não percebe
A alma do mestre calceteiro