Aprendi contigo Terra amada!

Este poema é um tributo às minhas raízes transmontanas, à minha terra, ao meu país: Portugal!

APRENDI CONTIGO TERRA AMADA!

Lembro-me que foi na minha aldeia,

muito antes de aprender as estações do ano,

que aprendi a sentir quando estava para chegar

a primavera, anunciada no aroma das flores

e no chilrear dos pássaros que me acordavam

pela manhã, bem cedinho.

Da mesma forma aprendi a sentir a chegada

e o fim do verão e a lida do campo.

Lembro-me dos banhos frescos no rio,

dos passeios à tardinha, até à fonte,

por entre aquele caminho de sonhos

que me levava para longe do mundo...

Aprendi a sentir o outono,

quando acordava de manhã e olhava o céu e,

em vez daquele sol radiante que me aquecia

o corpo e alma nas manhãs de verão,

via filas intermináveis de andorinhas

nos fios de eletricidade preparando-se

para mais uma longa viagem,

rumo aos países mais quentes.

Foi na minha aldeia,

muito antes de conhecer a escola,

que aprendi a sentir a vida e a morte,

a chuva, o dia, a noite, as flores,

o agradável cheiro molhado da terra,

o chilrear dos pássaros, o som do vento

passando entre as folhas das oliveiras

e das cerejeiras, a música suave da fonte,

o murmurar da água do ribeiro,

o sol, o céu, as nuvens, as estrelas!

Sim, aprendi a conhecer as estrelas,

quando minha avó apontava um dedo para o céu e,

vislumbrando um grande corredor iluminado me dizia:

- Aquele é o Caminho de Santiago!

Hoje sei que era a Via Láctea!

Aprendi a sentir-te terra amada, tão linda,

tão verde, tão quente, tão fria

e tão minha!

* republicação

(Ana Flor do Lácio, 07/09/2009)

Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 18/01/2011
Reeditado em 25/06/2011
Código do texto: T2736916
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