Acolhida
E ela acendeu velas,
tão belas melodias
perfumou o ambiente
Incandescente ela tremia
E lentamente, as chamas
eram sombras pela sala.
Aguardava e nem sentia
se ali mesmo ela estava
E então aconteceu
pouco a porta se abriu
e em meio a todo breu
eis que belo Ele surgiu.
E de joelhos ela,
nada mais era, e sorriu
em silêncio, contemplava
junto ao chão, então servil
senhora de si, em oração
nada mais restava então
nada mais era, só escrava
de sua própria condição.
Tocou-lhe a pele gentilmente
Ele a abraçou, a envolveu
devolvendo assim o lugar
a que sempre pertenceu.
E em meio a nós velados
cegos como olhos vendados
contemplou todo torpor
e imóvel, presa em nós
entre tantos, nunca sós
o amor se fez em dor
Marcando o escarlate
no corpo que servia
ante a face avermelhada
pela a pele que escorria
chuva, raio, tempestade
tudo e nada ela sentia.
Extasê tão particular
como um belo ritual
ela sentiu-se então sentir
também tocar, também fluir
a nota, compasso final.