A ANTONIO DO PORTO
De que porto
partistes Antonio?
À deriva no mar dessa vida
Qual navio sem eira nem dono
Que em qualquer porto encontra guarida
Em que porto querias Antonio?
Ancorar suas mágoas
Curar suas feridas
Aliviar essas dores
De calçadas, de ruas
E de noites mal bebidas
Quanta carga foi em teu costado
que levastes pra baixo e pra riba?
Qual navio cargueiro
Qual vela de cargas
Sopradas ao vento
Só sem passageiro
Quantos copos em teu porto
enchestes?
De solitários navios
De navegantes fantasmas
De mares vazios
E no porto em que ancorastes
depois da partida?
Será que lá encontrastes
O leito, a mulher e os filhos
Que não tivestes em vida?