Cervantes

Na busca pela rima, observo que Cervantes
é o perfeito sinônimo de Antes.
Fugiu da ordem do Tempo e escapou de lógicas dominantes.
De nobre falido, guerreiro ferido e escravo em terras distantes,
tornou-se o bravo que fez de moinhos ferozes gigantes.

A dura vida de escrevinhador
foi-lhe o escape, a janela, o corredor,
donde fugiu para viver a sua vida de HONOR.
E por todos nós, cuja caneta é a extensão do delírio,
eu te declaro: Cavalheiro do Ilustre (ou Santo?) Martírio.

Amou Dulcinéia. De Sancho foi amigo.
Exerceu a rara coragem do impossível.
Rompeu a tola rotina e levou o Mundo consigo.
Cavalgou Rocinante e percorreu os êxtases que tornou possível.

E, agora que é depois, cá estou lutando contra este monstro apavorante
que me devora, na ânsia petulante de lhe imitar.
Viver a mais, porém, sem estender os dias. Não me acovardar,
vencer os inimigos e usar o teu elmo deslumbrante.

Contar ao Mundo quem somos e dizer aos que amamos:
é por Quixote que lutamos . . .

E como em 13 de Outubro celebra-se o “Dia do Escritor”,
deixe-me dizer:
 
Ave Cervantes! Foi contigo que aprendi a ser um sonhador.