Hora de dizer adeus
No momento em que
entrei no quarto hospitalar
e te vi incosciente (?).
Naquele momento, não te vi tão mal.
Naquele momento, esperava por algo pior.
Permaneci pela manhã ao seu lado
sentindo sua presença esvaindo-se
sentindo as palavras fugirem,
as rimas ficarem sem sentido...
Tentei falar e fazer
o que meu coração
e meus pensamentos permitiam.
Um pouco de música para alguém solitário,
uma melodia para um corpo em sofrimento
para uma alma cansada...
Há quanto tempo fazia
que não ouvias uma música?
Não sei, foi o melhor que pude pensar
na hora em que não falavas,
em que nem abria mais os olhos.
Disse minhas palavras no seu ouvido
palavras de adeus...
e quando o sol da tarde me encontrou
deixei o hospital e voltei para casa.
O clima era angustiante
de uma espera pelo pior.
Nesta tarde quente minhas lágrimas caíram por você,
por alguém não tão próxima sempre, mas
mais próxima a mim do que nunca antes.
Durante a madrugada, fui acordada, e eu soube.
Num dia ensolarado e lindo de primeiro de novembro
partiste para um lugar que desconheço.
Te encontrei tão fria e de feições tão, tão expressivas,
deitada com flores ao redor,
que o estranhamento tomou conta de mim.
Nessa hora não eras tu quem eu via
e tive medo de tocar seu rosto
pois não queria quebrar a lembrança de uma vida
que antes esteve nesse corpo.
Nunca havia sentido isso antes.
Escolhemos as músicas pensando em ti.
Espero que tenhas gostado, e no lugar onde tu estiver
espero que possas escolher tuas músicas para ouvir...
Mas daqui, de onde estou,
sem te transformar em mártir ou santa,
desejo-te paz e felicidade onde estás,
e tua lembrança está para sempre gravada
com o tom italiano que tanto gostavas...
... Con te, partirò.
Dedicada à minha avó.