NO PARAÍSO DA ALICE

No Paraíso da Alice

Há tanta falta de vida,

Tudo por lá é chatice

Depois da sua partida.

A rede onde ela dormia

Balança vazia ao vento,

O rosto meigo que eu via

Contém-se no pensamento.

Na cama agora deserta

A lembrança dela é vã,

Alice não mais desperta

Para o café da manhã.

Na sala cheia de risos

E de suas pertinências,

Só meus versos indecisos

Persistem às existências.

As flores outrora havidas

Morreram ao abandono,

Não há porque suas vidas

Num paraíso sem dono.

Pelos jardins e tapumes

Misturavam-se os olores

Da Alice e dos seus perfumes

Com o aroma das flores.

No reino encantado resta,

Anões perdidos na história,

Um príncipe que se presta

Em viver sapo sem glória.

Em cada palmo de chão

Do Paraíso da Alice,

Meu amor e minha mão,

Minha candura e meiguice

Alice quer ser rainha

E sonha com majestade,

Porém será sempre minha

No sonho e na saudade.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 15/10/2010
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