NO PARAÍSO DA ALICE
No Paraíso da Alice
Há tanta falta de vida,
Tudo por lá é chatice
Depois da sua partida.
A rede onde ela dormia
Balança vazia ao vento,
O rosto meigo que eu via
Contém-se no pensamento.
Na cama agora deserta
A lembrança dela é vã,
Alice não mais desperta
Para o café da manhã.
Na sala cheia de risos
E de suas pertinências,
Só meus versos indecisos
Persistem às existências.
As flores outrora havidas
Morreram ao abandono,
Não há porque suas vidas
Num paraíso sem dono.
Pelos jardins e tapumes
Misturavam-se os olores
Da Alice e dos seus perfumes
Com o aroma das flores.
No reino encantado resta,
Anões perdidos na história,
Um príncipe que se presta
Em viver sapo sem glória.
Em cada palmo de chão
Do Paraíso da Alice,
Meu amor e minha mão,
Minha candura e meiguice
Alice quer ser rainha
E sonha com majestade,
Porém será sempre minha
No sonho e na saudade.