Raul Fora da Lei (para Raul Seixas)

Eu ando cansada dessa poesia que não engrandece

Se Raul Seixas estivesse vivo

Certamente riria do mundo

Riria da poesia medíocre e retrógrada

Que ainda hoje se cisma escrever

Enquanto eu me canso dessa poesia irreflexiva

Que somente prescreve o que deve ser feito

O poeta me diz “o certo é o errado e o errado é o certo”

E eu não tenho colírio nem uso óculos escuros

Atualmente estou cega, com uma visão enferrujada.

Minha poesia já não tem voz

E a vida alternativa é mito, utopia

Tudo que faço é controlado

Pelo sistema, pela crítica

Pelo meu chefe, minha mãe, pelo...

Tudo nesse mundo me lembra um carimbo

Se não for carimbado, registrado, com selo de qualidade

Não será lido, não será pensado

O que eu queria mesmo era fazer parte disso

Mas eu não posso, isso tudo não sou eu.

“Plut plat zum” eu estou me partindo

Mas não sem problema algum

mas é melhor assim

porque se eu parar...

eu juro

que não aguento...