EM DEFESA DA GUEIXA
Emolduradas borboletas, que se animam por emoção
Do canto, da dança, e não vêem com a razão
Que sob o “pancake” e o carmim do kabuki
Habita uma alma masculina, por tradição...
As gueixas foram meninas, que vestiram
A fantasia para o mundo se iludir
Têm consciência de quem são
E na frieza de suas mãos trazem moedas raras
Que servem as necessidades das famílias
E os sentimentos não revelam aos párias
Guardam da maldade de quem não lhes conhece o coração
Misteriosos são seus caminhos para alcançar
O escuro ninho da ave que lhe espreita...
Se for preciso, a gueixa traz o sol nos olhos
E faz menos chuva chorando menos
As gueixas são a parte que as esposas não sabem ser
São ouvintes, elegantes, refinadas, delicadas
Não se apresentam e não cobram, são silenciosas
E somente a noite lhes reconhece o saber
A felicidade que a gueixa sente é por ir seu companheiro
Para casa aliviado por deixar com ela seus segredos
É efêmera a felicidade porque não se apega
Deixa livre todo ser, seja uma rainha, uma imperatriz
Seja uma dona de casa, as mulheres que só esperam
E se contentam com migalhas,
A gueixa não, carrega sobre os “corpos”
Em um só traje uma fortuna,
Por isso não espera nada, porque “tudo”...a gueixa tem.