RESIGNAÇÃO/MEU PAI
*Para todos os pais do Recanto das Letras e aos pais de todos os recantistas, transfiro o meu abraço neste dia, com o mesmo carinho que eu gostaria de abraçar o meu paizinho, se ele não tivesse ido habitar outras paragens mais sublimes.
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Nasci um dia, cresci e envelheço a cada instante,
momentos, passado, não mais futuro ou presente,
lembrança viva, no peito explode ainda vibrante,
ostenta o tempo um coração ainda dormente.
Meu grande pai na sua presença “ausente” ,
não se desfez o elo do abraço terno,
apenas saudade amena o peito sente,
não se perdeu a ternura, o afago é eterno.
Não mais desfrutarei da sua doce presença,
deixou-me nos genes, características, legado,
desde físicas, até da sensatez e pura crença,
da vida aqui nada se leva para o outro lado.
Conduziu-me pela mão e pela sabedoria,
da criança à menina, até a mulher forte.
Tê-lo tido e amado-o tanto, minha infinita alegria,
carrego com orgulho a minha grande sorte.
Ensinou-me com simplicidade a discernir,
entre os desígnios de Deus e os meus desejos,
resignar-me quando a hora é hora de partir,
o não negado de encher-lhe a face dos muitos beijos.
Quantas vezes eu disse “Eu te amo”, não disse tanto.
Talvez por insensatez, ou escondeu-se a emoção,
talvez poucas diante de tanto amor, não sei quanto,
julgando óbvio o que se sabia, num deslize da razão.