VELHO TEMPO
Um corpo que caminha já lento,
Passos compassados, caminho a fora,
Uma mente que espreita o que passa,
E vai passando a vida enquanto caminha.
Corpo já judiado pelos anos, pelo tempo,
Costas curvadas, movimentos brandos,
E os cabelos branqueados pela vida,
E os olhos correndo até onde a lembrança chega.
Passam carros, passa gente, passa a rua,
Vai ficando para traz mais alguns minutos,
E assim a vida também passa e passa o tempo,
Só não passam as lembranças do tempo e da vida.
Se as pernas já mal sustentam o corpo,
E o corpo já não vigora como outrora,
Fortes são as histórias contidas nesse andar,
Vigorosas lembranças sob esses brancos cabelos.
Olhos jovens que passam e nem o notam
Ignorância abstrata, muda, surda e besta,
Não sabem da história que caminha ao lado,
Nem da sabedoria que o tempo ali acumula.
Que passe a gente toda, atentos ou ignorantes,
Que passe o sol, a chuva, os dias, o tempo,
Mas não passará da mente do velho atento,
As memórias das histórias de uma vida,
E das tantas outras vidas que entrelaça.