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O Poeta Do Chapéu De Couro

A Asa Branca regressou trazendo notícias de água no chão, o Mandacaru floreou com o solo fértil da anunciação, o açude sangrou o sangrar da insatisfação, pois, o poeta está ausente, nem notícias de aparição;

As algarobas estão com um verde de um esperançar em vão, as cancelas estão abertas ansiando satisfação, apagaram os candeeiros, já guardaram os gibãos, o poeta está ausente, nem notícias de emoção;

Nas novenas se aglomeram ladainhas para o ter são, a sanfona inerte e desolada com a separação, o poeta está sumido, melodias sem canção;

A súplica cearense ainda suplica a salvação, o capim novo já não se contenta na plantação, a volta da Asa Branca emudece o coração, a hora do adeus arrebata a desconsolação, o luar do sertão já resplandece a inexatidão, a farinhada já não nutre o povo são, o boiadeiro já exalta a sua missão, o Assum Preto já voou sem ilusão, a feira de Caruaru já não aglomera multidão, o ABC do sertão não apresenta coesão, o poeta não aparece para dar explicação, o chapéu de couro se consola com o gibão;

O poeta do chapéu de couro foi embora, chora o povo do sertão, levou consigo os lamentos do sofrimento que racha o chão, Januário está com ele admirando seu poetar, enquanto aqui os siris tristonhos ainda jogam bola na beira do mar.



Dedico esta poesia a um grande poeta do sertão pernambucano, que em versos externou com peripécias de artista o sofrimento, as angústias e toda esperança de um povo maltratado, sofrido, porém, definitivamente forte, salve o poeta do chapéu de couro, salve Luiz Gonzaga o rei do baião!



O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 24/06/2010
Reeditado em 28/03/2012
Código do texto: T2338950
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