Uma gruta úmida
Não sei muito falar de mim
Não sei onde começo, onde termino
Meu coração foi feito assim
Igual a um coração de menino
Sinto a umidade no ar
Um cheiro todo majestoso
Difícil entender o começar
Um começo mais que grandioso
Gruta úmida com relva
Adentro-me sorrateiro
Feito bicho da selva
Caminhando no estradeiro
Percorro duas curvas
Escorrego, rodopio e não caio.
Entre as paredes molhadas
Daqui não me tiram, não saio.
Fecho os olhos e me adentro
Porta afora eu entro
Tenho na boca vontades
Provoca não, eu tento.
Não promover balburdia
Deixar sempre tudo arrumado
Mesmo que a pressa eu saia
Esqueço que o agora já virou passado
Nessa gruta molhada
Com todo cheiro peculiar
Umidade nas paredes todas
Achei o que vim buscar
Da gruta, escura e úmida.
Não arredo o pé por nada
Faço dessa minha única
A inusitada e feliz estada
Como mágica quando a noite cai
Durmo abraçado a grande seringueira
De caule escuro e rijo
Feito de uma brasileira
Nos deleites, das águas que escorrem.
Pelos riachos e ribeirinhos
Haverá frutas silvestres e nacos
Derramadas pelos caminhos
Sem pé nem cabeça
Fui escrevendo esse tema
Só quem sabe realmente do que falo
Entenderá melhor esse poema