Uma gruta úmida

Não sei muito falar de mim

Não sei onde começo, onde termino

Meu coração foi feito assim

Igual a um coração de menino

Sinto a umidade no ar

Um cheiro todo majestoso

Difícil entender o começar

Um começo mais que grandioso

Gruta úmida com relva

Adentro-me sorrateiro

Feito bicho da selva

Caminhando no estradeiro

Percorro duas curvas

Escorrego, rodopio e não caio.

Entre as paredes molhadas

Daqui não me tiram, não saio.

Fecho os olhos e me adentro

Porta afora eu entro

Tenho na boca vontades

Provoca não, eu tento.

Não promover balburdia

Deixar sempre tudo arrumado

Mesmo que a pressa eu saia

Esqueço que o agora já virou passado

Nessa gruta molhada

Com todo cheiro peculiar

Umidade nas paredes todas

Achei o que vim buscar

Da gruta, escura e úmida.

Não arredo o pé por nada

Faço dessa minha única

A inusitada e feliz estada

Como mágica quando a noite cai

Durmo abraçado a grande seringueira

De caule escuro e rijo

Feito de uma brasileira

Nos deleites, das águas que escorrem.

Pelos riachos e ribeirinhos

Haverá frutas silvestres e nacos

Derramadas pelos caminhos

Sem pé nem cabeça

Fui escrevendo esse tema

Só quem sabe realmente do que falo

Entenderá melhor esse poema

Roberto F Storti
Enviado por Roberto F Storti em 13/06/2010
Reeditado em 14/06/2010
Código do texto: T2317524
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