El Ramón*

decidi conversar com o Ramón

estava ele ali sobre um tronco

à sombra pequena de uma árvore

a calça verde puída num dos joelhos

a barba mal feita e o bigode não aparado

só serviriam pra realçar na indefectível tez

latino-americana-morena

o rosto do belo homem que era

teria certamente lugar nos filmes da MGM

por certo astro da Cinecittá, Felini o escolheria

para uma de sua películas destinadas

aos aplausos da inteligentsia ipanemense

configurando-se o que já se sabe – nada além de consumo

(o sumo do homem onde está?)

é a isso que o físico serve

mas ao que serve a alma?

acho que não adianta, Ramón

a luta não se acalma

sempre há de faltar o que combater,

o que lutar, o que merecer

a não ser que houvesse muitas almas

como a sua, no meio das exigências

exacerbadas, da picaretice, pelo que é mais fácil,

mais lúdico, proveitoso e garantido

não adianta ficar iludido

porque esse dia não chegará

afinal, todos temos que brilhar

até que a luz se apague,

de preferência sem que se pague

com o sangue nosso pra isso

ninguém será tão submisso

como poucos que nem você...

*como era também conhecido o inesquecível Comandante Che Guevara

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 11/06/2010
Reeditado em 11/06/2010
Código do texto: T2314091
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