Poema concreto
tu
meu primeiro e único poema concreto
de arco-íris intempestivos
incertos
tu
que me vias além da luz
amando-me escuridão
injus
tu
que singelo me esgueiravas
unindo-nos dobras de papel
aladas
tu
cujo lirismo desnutri
por ciúme atroz de visão
mirim
tu
borboleta de asas quebradas
por minhas carícias
malvadas
tu
cujo amor um dia testei
e da forma mais infeliz
eu sei
tu
amor desfolhado
abjetamente magoado
_ o que faço?
saibas tu, porém,
que o espaço dos versos teus
nunca foi [nem será] preenchido
por mais ninguém