Poema concreto

tu

meu primeiro e único poema concreto

de arco-íris intempestivos

incertos

tu

que me vias além da luz

amando-me escuridão

injus

tu

que singelo me esgueiravas

unindo-nos dobras de papel

aladas

tu

cujo lirismo desnutri

por ciúme atroz de visão

mirim

tu

borboleta de asas quebradas

por minhas carícias

malvadas

tu

cujo amor um dia testei

e da forma mais infeliz

eu sei

tu

amor desfolhado

abjetamente magoado

_ o que faço?

saibas tu, porém,

que o espaço dos versos teus

nunca foi [nem será] preenchido

por mais ninguém

Janete Santos
Enviado por Janete Santos em 08/06/2010
Reeditado em 08/01/2017
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