“A Moreninha”
Aqueles olhos de fogo
Nunca se cansam de mirar-me
Suas labaredas parecem
Ainda dançar ante mim
E consumir-me a alma!
E eu sou o fole
Que aviva aquele fogo...
Mas estando, agora, longe
Como poderei manter acesa
Aquela chama?
Aquele fogo que queima
Mais a mim
Do que àquela que o tem nos olhos?
Por não ter a quem
Confiar minhas penas
Sofro, talvez, ainda mais:
O fogo de certos olhos
Queima meu sono
Queima meu sorriso
Consome meu ar.
Outrora, apostei ser livre
Borboleta amante
Amor andante
Mas, agora, o que ainda se acha livre em mim
São meus pensamentos
Que vão logo prender-se
Naqueles olhos, naquelas tranças
Naquele sorriso, naquele canto...
E se acaso, tenho já perdido
Certa aposta...
Perco!
Mas me diz o reativo da esperança:
_ Perderá ganhando!
Baseado no livro “A Moreninha”, de Manoel de Macedo.