“A Moreninha”

Aqueles olhos de fogo

Nunca se cansam de mirar-me

Suas labaredas parecem

Ainda dançar ante mim

E consumir-me a alma!

E eu sou o fole

Que aviva aquele fogo...

Mas estando, agora, longe

Como poderei manter acesa

Aquela chama?

Aquele fogo que queima

Mais a mim

Do que àquela que o tem nos olhos?

Por não ter a quem

Confiar minhas penas

Sofro, talvez, ainda mais:

O fogo de certos olhos

Queima meu sono

Queima meu sorriso

Consome meu ar.

Outrora, apostei ser livre

Borboleta amante

Amor andante

Mas, agora, o que ainda se acha livre em mim

São meus pensamentos

Que vão logo prender-se

Naqueles olhos, naquelas tranças

Naquele sorriso, naquele canto...

E se acaso, tenho já perdido

Certa aposta...

Perco!

Mas me diz o reativo da esperança:

_ Perderá ganhando!

Baseado no livro “A Moreninha”, de Manoel de Macedo.

LORENA FLORÊNCIO
Enviado por LORENA FLORÊNCIO em 26/05/2010
Código do texto: T2281113
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