Libertino- Homenagem Póstuma para Lorde Byron

Afaste - de mim este crânio encardido,

Este cálice de devassidão e libertinagem,

Tu foste nobre. Mas de alcunha maldito!

Da tua família a volúpia era linhagem.

Contudo, perdeste da nobreza os baluartes,

No fervor das orgias em sujos lupanares,

E na poesia transcendeu as várias artes,

Na tragédia destrutiva dos sagrados lares!

Dourou a fronte! Em insesata languidez,

No fervor dos seios róseos das donzelas,

E requeimou-lhe o peito na embriaguez,

Nas cantilenas das sextilhas tão belas!

Morreu! Como a estrela solitária e anã,

Entre as covas dos gênios esquecidos,

E tua história é à sombra de dom Juan,

Dos túmulos e epígrafes enegrecidos...

Ah! devoto noturno, era por ti que sonhei,

Na dor que devorava as noites do milênio

E nas lágrimas de Childe Harold suspirei,

Morto! No vôo do fervilhar de um gênio!

Meu amigo, que a terra não lhe pese,

Como os féretros e as vestes da mortalha,

E que o Diabo, no teu renascer reze,

Para perdoar-te o viver de um canalha!

Creio que ainda riste da tua própria sorte,

Quando do naufrágio viste apenas o fanal,

Mas no sepulcro, na solidão a alva morte,

Das escunas navegaste com a pequena nau.

Tu foste o ideal, a epígrafe de um momento,

Poeta de um século, de obras literais,

A epigênese do caos, o trovador macilento!

De cantos e experiências imortais!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 14/05/2010
Código do texto: T2256945
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